Gele Bailarino (a)
Mensagens : 4 Data de inscrição : 23/05/2008 Idade : 39 Localização : Porto Alegre
| Assunto: A dança e as crianças portadoras de necessidades especiais Sáb maio 24, 2008 1:13 am | |
| Lendo em um site (conexão dança), onde existem alguns artigos, um me chamou atenção, pois trata de um assunto delicado, mas também muito útil para este vasto universo da dança e do tratamento com o corpo. Abaixo o artigo, com seus devidos créditos:
Paula Vianna Penso Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) o termo “pessoa portadora de necessidades especiais” surgiu para evitar os efeitos negativos de expressões comumente utilizadas de forma pejorativa no contexto escolar, para referirem-se as pessoas com altas habilidades ou com deficiências cognitivas, físico-motoras, psíquicas e/ ou sensoriais.
Dentre as necessidades especiais, a Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação propõe uma uniformidade terminológica para caracterizar-las, bem como suas dificuldades, capacidades e aptidões. Destacam-se como necessidades especiais: superdotação, deficiência auditiva, deficiência física, deficiência mental, deficiência visual, deficiência múltipla, deficiência motora.
A partir desta uniformidade terminológica da Secretaria de Educação, entende-se por deficiência física a variedade de condições não sensórias que afetam o individuo em termos de mobilidade, de coordenação motora geral ou da fala, como decorrência de lesões neurológicas, neuromusculares e ortopédicas, ou ainda, de más formações congênitas ou adquiridas.
Nas deficiências de ordem motora, as dimensões orgânicas e funcionais podem ser verificadas através das disfunções existentes nas estruturas reguladoras do Sistema Nervoso Central. Essas alterações podem causar diferentes patologias, dentre elas a Paralisia Cerebral. A Paralisia Cerebral pode causar padrões anormais de movimentos, de postura e disfunções tônicas.
Além destes aspectos, as crianças portadoras dessas deficiências em geral são privadas de desenvolver uma relação saudável consigo mesma com a família e a sociedade, que segundo GEISSMANN (2002) dentre outras situações que alimentam sentimentos de culpa e promovem uma elaboração distorcida de sua auto-estima, contribuindo para que ela desenvolva uma imagem negativa de seu corpo.
Partindo deste pensamento, a dança pode vir a contribuir para o desenvolvimento da percepção corporal destas crianças, (FONSECA, 1995) o estudo da percepção do corpo permite a verificação da dificuldade que a criança portadora de deficiência motora tem em desenvolver uma adequada relação com o meio, o que aprofunda as características de dissociação entre o esquema e a imagem corporal dessas crianças.
A percepção do corpo é resultado da realidade que se constrói na mente de cada criança, por meio de representações de objetos envolvendo um trabalho combinado das unidades funcionais do cérebro, especificamente, (LURIA, 1980), a área responsável pela recepção, analise e armazenamento de informações, que compõem a segunda unidade funcional do cérebro, localizada nas regiões posteriores e laterais do neocórtex, sendo consideradas como o grande instrumento perceptivo do ser humano. A dança, no entanto irá promover, através de estímulos motores, (como brincadeiras) um desenvolvimento no processo de adaptação a realidade, e com isso a criança irá aprender a lidar de forma mais intencional com o seu corpo, situando-o em um contexto que lhe é reconhecível. Pois, quanto mais se amplia à realidade externa da criança, sua imaginação, sonho, fantasia em formas de desafios ou problemas a serem resolvidos, no ato de brincar, mais ela tem necessidade de uma organização interna a fim de utilizar experiências em função das demandas ambientais. Contudo, é importante criarmos o máximo de oportunidades lúdicas e desafiadoras para facilitar o desenvolvimento motor de crianças portadoras de deficiência, no entanto não basta a brincadeira pela brincadeira, o movimento pelo movimento, o jogo pelo jogo, a situação – problema favorece a aprendizagem motora, pois mobiliza as funções psíquicas da atenção , de captação , de integração multisensorial, processamento intra e extra-somático, elaboração , antecipação, conscientização regulação e verificação da ação (FONSECA, 1995).
Referências FONSECA, V. Introdução as dificuldades de aprendizagem. 2. ed. Porto Alegre: Arte Médicas, 1995 ____________. Manual de observação PSICOMOTORA: significação psiconeurologica dos fatores psicomotores. Porto Alegre: Artes Medicas, 1995 ____________. Psicomotricidade: perspectivas multidisciplinares. Porto Alegre: Artmed, 2004 Geissmann, P. A criança e sua psicose. 2. ed. Casa do psicólogo, 2002 LURIA, A.R Fundamentos de Neuropsicologia. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1980 __________________, PARAMETROS CURRICULARES NACONAIS, LDB 9394-96. MEC – Ministério da Educação e Cultura, Brasília- DF: 1997 | |
|
Fabiana Amaral Administrador
Mensagens : 20 Data de inscrição : 09/12/2007 Idade : 44 Localização : RJ
| Assunto: Re: A dança e as crianças portadoras de necessidades especiais Ter maio 27, 2008 6:33 pm | |
| Muito bom o artigo, Gele. Há grupos de trabalho com cadeirantes, além de outras áreas de dança saúde - lá na faculdade temos trabalhos com pessoas portadoras de deficiência mental, hipertensos e diabéticos e uma das orientadoras do Estágio de Técnica (Marta Peres) quer começar um trabalho com cadeirantes. Acho que todo estímulo é essencial, especialmente quando criança - a adaptação a esse nosso mundo cão é mais suave, penso eu... P.s.: Gele, eu movi teu tópico pra Dança Acadêmica, já que se trata de um artigo, além de uma área de estudo (Dança Saúde). Lá no "Artes em Geral" o objetivo é falar sobre teatro, cinema, música, artes plásticas, etc, não necessariamente ligados à dança. Ok? | |
|